Reflexões sobre a Abolição da Escravatura

Fruto tanto pela luta de movimentos abolicionistas como revoltas dos escravos, a abolição veio tardiamente no Brasil, que foi o último país das américas a libertar seus escravos. O processo foi lento principalmente para que mudanças bruscas não afetassem a elite, com a aprovação de várias leis ao longo de anos para que o poder econômico e social continuasse nas mãos dos grandes senhores, como a Lei de Terras de 1850, que, em tese, dava liberdade para aquisição de terras no país, mas que na verdade visava dificultar que imigrantes e escravos libertos as conseguissem, pois a venda era a preços muito elevados.


Além disso, as Leis do Ventre Livre, que garantia a liberdade a filhos de escravas a partir dos 21 anos, e a do Sexagenário, libertando escravos acima de 65 anos, que inclusive foi considerada uma piada, já que a estimativa do tempo de vida dos escravos era muito abaixo dessa idade. Ambas foram decretadas em 1871 e 1885, e em 1888 foi decretada a Lei Áurea, abolindo a escravidão no território nacional.


Apesar de uma vitória para os abolicionistas, a Lei não dava nenhuma garantia aos negros libertos e não houve a criação de mecanismos para os integrar à sociedade, pelo contrário, os deixava à própria sorte. As consequências da escravidão e também da forma como se deu a abolição podem ser vistas até hoje no Brasil, um país extremamente racista e desigual. Para o dia de hoje, mais do que lembrar esses fatos e o fim da escravidão, cabe avaliarmos nosso papel na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, através da criação e ampliação de políticas públicas com esse fim.